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Linfedema

O linfedema é uma desordem do sistema linfático que leva a uma acumulação de líquido intersticial nos tecidos, resultante da incapacidade de transporte do sistema linfático. A obstrução linfática provoca um aumento no conteúdo de proteínas do tecido extravascular, com a retenção subsequente de água e edema dos tecidos moles.

O linfedema pode ocorrer secundariamente a anomalias congénitas do sistema linfático (linfedema primário), ou ser o resultado de uma condição adquirida em que os canais linfáticos estão lesados ou obstruídos (linfedema secundário).

O linfedema secundário (adquirido) é mais comum e pode resultar de uma obstrução nos vasos devido a inflamações nos membros, trauma, infeções ou devido a um aumento do número de células no interior dos vasos (linfócitos ou células cancerígenas). No entanto, a causa mais comum para este tipo de linfedema é a remoção/lesão dos vasos e gânglios linfáticos, em doentes com cancro submetidos a cirurgia/radioterapia.

O linfedema pode ocorrer no membro inferior, membro superior e genitália.

É frequente associar o linfedema ao cancro da mama.

De facto, o linfedema do membro superior é a complicação mais frequente pós-mastectomia. A sua elevada prevalência (podendo atingir os 50%) e a gravidade de algumas das suas sequelas tornam imperiosa a otimização da intervenção terapêutica.

Frequentemente, os doentes submetidos a mastectomia são também submetidos à excisão dos gânglios linfáticos. Este procedimento torna-se necessário, pois existe sempre a possibilidade de algumas células cancerígenas poderem ficar alojadas nesses gânglios. Essa remoção vai tornar o processo de retorno da linfa ao sistema circulatório mais lento, o que pode conduzir a um edema no membro.

A maioria dos linfedemas do membros superior desenvolve-se entre o primeiro e o segundo anos após a cirurgia oncológica, havendo, no entanto, observações clínicas de aparecimento tardio, mais de 10 anos após a terapêutica inicial.

Comummente, o linfedema do membro superior e inferior, está associado a infeções recorrentes, dismorfia severa (muitas vezes com um perímetro do membro 2 a 4 x superior ao membro contralateral), dor, dificuldade na mobilidade do membro afectado, neoplasias secundárias e diminuição da qualidade de vida dos doentes.

O desenvolvimento de estratégias de tratamento eficazes tem sido dificultado pelo facto da etiologia desta doença permanecer em grande parte desconhecida. Não se pode prever com exactidão o curso da doença, bem como a sua resposta a várias estratégias de tratamento, ou a eficácia das opções preventivas.

As opções cirúrgicas disponíveis para linfedema são muito limitadas e com resultados muitas vezes não satisfatórios.

O Dr. Gustavo Coelho foi pioneiro em Portugal no tratamento do linfedema dos membros superiores e inferiores com a técnica de transferência de gânglios linfáticos vascularizados submentoneanos (cervicais).

Nesta técnica, é realizada a transferência de gânglios linfáticos do pescoço para a região distal do membro afetado (punho/tornozelo), com resultados promissores não só do ponto de vista estético mas também funcional.

Conexões linfovenosas intrínsecas dentro do tecido de gânglios linfáticos transplantado permitem a drenagem venosa linfática, a partir do local afetado. A colocação destas “bombas” linfáticas em locais não anatómicos (extremidade distal) perto de áreas de linfedema, nomeadamente a região maleolar no membro inferior e punho no membro superior, permite um desvio ideal de fluido intersticial para o sistema venoso.

Essas características tornam esta técnica, uma excelente opção em casos de linfedema primário ou linfedema secundário severo visto que o seu mecanismo de acção é independente do número e função dos ductos linfáticos viáveis.

Os benefícios desta técnica são óbvios, com uma franca melhoria de sintomas como dor, melhoria significativa e duradoura da deformidade do membro afectado, mobilidade, diminuição dos episódios de infeção e um retorno da qualidade de vida, que, infelizmente, estes doentes perdem com a progressão desta doença.

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© Cirurgião Plástico Dr. Gustavo Coelho

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